Aprenda todos os tipos de embalada no skate — regular, goofy, switch, jump e o polêmico mongofoot — com foco em segurança, técnica e evolução. Guias da ABC do Skate para evitar vícios, ampliar repertório e formar skatistas mais confiantes.
Parte integrante do Guia do Instrutor da ABC do Skate Brasil
A embalada — chamada por alguns de remada, por outros de pedalada — é o gesto motor que coloca o skate em movimento e já revela, nas primeiras sessões, muito sobre coordenação, segurança e repertório do praticante. Ensinar a embalada com clareza não é apenas transmitir técnica: é prevenir vícios, reduzir riscos e ampliar possibilidades futuras.
Este tutorial se aplica às atividades descritas no Método 30-30 do Guia da ABC do Skate Brasil:
Introdução
Iniciação Básica
Fraldinha
Escolinha
Tardios
Especiais
Recreativo
Aulas particulares
E utiliza o sistema de avaliação 30-30:
10 – Tenta e quase acerta
20 – Quase sempre acerta
30 – Executa com facilidade
Nosso compromisso, como instrutores, é formar praticantes confiantes, conscientes e tecnicamente diversos — não apenas reproduzir hábitos regionais, modismos ou preconceitos internos da cena.
Por isso tratamos a embalada de forma íntegra, incluindo a sempre polêmica embalada Mongofoot, com responsabilidade técnica, pedagógica e humana.
Porque este é o ponto zero da autonomia.
A forma como o novo praticante coloca o pé no skate, organiza o tronco e projeta o impulso determina:
estabilidade inicial
capacidade de ganhar velocidade
postura corporal em movimento
relação com a queda
repertório motor futuro
Uma embalada mal desenvolvida hoje vira limitação amanhã.
Uma embalada bem ensinada agora vira liberdade ainda hoje.
Nosso papel não é proibir ou validar estilos, mas construir repertório completo e orientar o aluno para escolhas mais seguras e eficientes, principalmente nos níveis iniciais.
Para reduzir ruídos entre linguagens de outras modalidades:
“remada” (surf)
“pedalada” (ciclismo)
“push” (inglês)
“mongo” (expressão popular, muitas vezes pejorativa)
No Guia da ABC do Skate adotamos embalada como termo-padrão: neutro, claro e aplicável a todas as modalidades, sem desvalorizar outros nomes.
Regular
Pé esquerdo fixo próximo ao nose; impulso com a perna direita.
Goofy
Pé direito fixo próximo ao nose; impulso com a perna esquerda.
Switch (invertida)
Regular embala como goofy; goofy embala como regular.
Mongofoot
Pé da base fica atrás, próximo ao tail, enquanto o impulso é feito com a perna da frente.
Jump
O skatista segura o nose com a mão oposta, corre alguns passos e salta sobre o skate, aterrissando em posição adequada.
10 – Tenta e quase acerta
20 – Acerta com frequência, mas ainda irregular
30 – Executa com fluidez, equilíbrio e intenção
Não é competição: é diagnóstico.
O skate é:
convivência
expressão
identidade
resistência
educação do instante
Corrigir vícios motores não poda estilo — amplia liberdade.
Cada movimento ensinado hoje permite que o praticante transite amanhã por bowls, banks, ruas e transições com segurança, prazer e autonomia.
A Mongofoot requer atenção não pelo nome, mas pela origem do hábito e pelas consequências motoras.
Ela geralmente nasce quando:
o aluno sobe no skate com o pé da base primeiro
o corpo busca conforto imediato
há indefinição de lateralidade
há insegurança postural
há pouca consciência do eixo corporal
Isso não é culpa do aluno — é falta de instrução inicial.
Porque ela pode gerar:
instabilidade ao ganhar velocidade
desalinhamento do quadril
risco maior de torções
dificuldade em bowls e transições
limitação no desenvolvimento de switch
lentidão em sequências rápidas
Não é proibição cultural.
É cuidado pedagógico e biomecânico.
Reprimir a Mongofoot de forma ríspida gera:
vergonha
resistência
bloqueio emocional
preconceito dentro da pista
Isso contraria os princípios da ABC do Skate.
Ensinar primeiro a entrada adequada
Sempre começar com o pé dianteiro no nose. A embalada vem naturalmente.
Desenvolver todas as versões
Regular, goofy, switch e jump — ampliando repertório.
Explicar sem julgamento
Sugestão de fala:
“Vamos treinar outras formas de embalar para você ter mais controle, mais segurança e mais liberdade lá na frente. A Mongo funciona, mas pode atrasar tua evolução e aumentar riscos. Quero que você tenha todas as ferramentas — não só uma.”
Nunca reforçar apelidos pejorativos
Zombaria tolerada é zombaria ensinada.
Se o aluno já embala Mongofoot há anos
Não elimine — integre.
Corrija a entrada
Ensine outros tipos
Fortaleça postura
Reeduque sem apagar identidade
A maioria abandona a Mongo espontaneamente quando percebe os ganhos funcionais.
Quem domina tudo e ainda prefere, que mantenha — liberdade é parte da cultura.
Ensinar todas as formas de embalada
Priorizar segurança na entrada
Reforçar repertório amplo
Tratar a Mongofoot como sinal, não como erro
Prevenir vícios motores
Formar praticantes confiantes, diversos e sem preconceito
Skate é corpo, movimento e cultura — e tudo começa com um passo simples: embalar com consciência.
Fitts, P. & Posner, M. (1967). Human Performance.
https://archive.org/details/humanperformance0000fitt
Schmidt, R. (1975). Schema Theory in Motor Learning.
https://psycnet.apa.org/record/1976-05832-001
Magill, R. & Anderson, D. (2021). Motor Learning and Control.
https://archive.org/details/motorlearningand00gabr
OMS – Guidelines on Physical Activity for Children and Adolescents
https://www.who.int/publications/i/item/9789240015111
“Caros colegas, o Tutorial VII — A Embalada: remada, pedalada, impulso — é parte integrante do Guia do Instrutor da ABC do Skate Brasil. Cultura integrativa é sempre um convite ao cuidado: segurança primeiro, conforto junto e repertório sempre. Não existe proibido ou permitido na expressão de cada corpo sobre rodas. Existe contexto técnico, existe evolução, existe ética. Ensinar com método, respeito e transparência constrói skatistas melhores — e seres humanos melhores.”
Curso de Formação de Instrutores de Cultura Skateboard — www.abcdoskate.com.br
Curso Completo de Skate + Guia do Instrutor – Metodologia A
Manica, Frederico Leal — ABC do Skate & Cinco Continentes Editora